Neste ensaio autobiográfico que já nasceu clássico, a atriz e escritora argentina Camila Sosa Villada resgata memórias primordiais de sua infância em Córdoba para refletir sobre literatura, escrita, família, pobreza e a relação entre elas. Num exercício de autoinvestigação franco e poético, em que sensibilidade e consciência social se combinam, a escritora reconhece na criação literária um gesto de resistência e autopreservação. “Eu digo: primeiro a escrita, depois a tristeza. E e´ uma vito´ria sobre esse desi´gnio da minha fami´lia que nunca aceitou sua pobreza: primeiro eu soube escrever e depois aprendi a ficar triste.”
Ao retraçar as origens da própria literatura, Sosa Villada descobre nela a presença incontornável de seus pais, que lhe presentearam com os saberes das letras, muito antes de seus caminhos se afastarem: “Meu pai me ensinou a escrever, e minha ma~e, a ler. Eles me levaram para a borda de uma floresta e me deixaram ali sozinha, esperando que eu entrasse e me perdesse