Este estudo analisa, em Vaca de nariz sutil e em A chuva imóvel, de Campos de Carvalho, a figuração do absurdo existencial a partir da poética do nonsense. Lida-se com uma esfera temática, numa perspectiva filosófica, e com uma esfera expressiva, numa perspectiva estético-literária, as quais se acham intimamente ligadas nas obras em questão. Busca-se inicialmente explicitar e problematizar a noção de absurdo existencial, que aparece, sobretudo, no pensamento de Jean-Paul Sartre e Albert Camus. Realiza-se, ainda, um estudo da história, da constituição estética e da visão de mundo da linguagem nonsense, ancorando-se nos estudos críticos e teóricos de Wim Tigges, Gilles Deleuze e Jean-Jacques Lecercle, dentre outros. Uma análise pormenorizada das narrativas revela uma série de temas e procedimentos, que podem ser chamados de nonsênsicos por se constituírem na tensão entre sentido e não-sentido. É possível vislumbrar um movimento de mão dupla a poética do nonsense corrobora e é corrobo