Artes

O Escolar foi pintado por Van Gogh em 1888, e hoje pode ser apreciado no Museu de Arte de São Paulo — Masp. O retrato representa Camille Roulin, filho do carteiro da cidade de Arles, no sul da França, onde o pintor residia na época. Traz as cores intensas e contrastantes pelas quais o artista ficou conhecido e mostra que, para ele, pintar um retrato não era somente um meio de representar um modelo, mas também de autoexpressão e um modo de interpretar, por meio das cores, a realidade que via. O quadro chegou no Brasil em 1952, juntamente com outras obras, e foi recebido com festa em Salvador, antes de ser integrado ao acervo do Masp. Neste segundo volume da coleção Prismas, Felipe Martinez retoma a recepção do quadro no Brasil e em seguida mostra como se deu a evolução cromática de Van Gogh, sua paixão por retratar trabalhadores e camponeses, e mesmo a proveniência do quadro até ser recebido em Salvador.

“O piano era, então, ainda uma novidade”: a Coleção Thereza Christina e sua performance teve sua primeira edição esgotada, e, com interesse de alunos e estudiosos, fez-se necessária uma segunda edição. Este trabalho de pesquisa de pós-doutorado revisita a prática musical no Brasil imperial — exatamente no período da imperatriz Leopoldina (1797–1826) — da documentação sobre a música europeia para fortepiano solo e de câmara com fortepiano possivelmente executada no país. Esta investigação sobre nosso rico passado musical, com abordagem focada nas práticas interpretativas, vai ao encontro da necessidade urgente de situar nossa herança musical vinda de fontes da Europa. Sabemos que obras de importantes compositores europeus soavam entre as paredes do Brasil imperial. A extrema importância dessa coleção está no fato de ser parte do patrimônio arquivístico musical brasileiro. Além disso, essa corte foi a única no Novo Mundo. Assim, poderemos mostrar o interessante repertório que, se não fo

Profusão, excesso, mobilidade: palavras que servem para adje- tivar, mas não refletem perfeitamente o percurso de Alexandre Dacosta. Diante de suas façanhas artísticas, o espectador pa- rece condenado a ficar apenas surpreso e divertido. Mas va- mos tentar sondá-lo com uma lente mais objetiva. Alexandre Dacosta é artista múltiplo, filho de artistas ilustres, mas aqui se coloca modesto, expondo suas letras de música como poemas a serem lidos. É certo que há uma maneira técnica de ouvi-las. Mas, diante dos olhos, há somente o texto, as palavras. Em 1973, Bob Dylan – o bardo judeu – publicou Writings and Drawings, uma reunião de suas letras em ordem cronológica. Em 2025, Alexandre Dacosta quis publicar as suas, sem cro- nologia, embaralhando as armadilhas do tempo. Evitar a cro- nologia é tapear a linha reta que quer nos fixar. Com a sua co- leção de canções, Alexandre quis homenagear sobretudo os ritmos brasileiros: emboladas, sambas, baiões, cocos, xotes, marchas, modas de viola e