A poeta Fernanda Villas Boas tem uma tarefa árdua no mundo das Letras: a de rejuntar as partes de um “eu” partido em mil, reconstruí-lo, reinventá-lo. Tarefa a que se entrega na solidão dos dias; e que tem como testemunha o silêncio da reflexão. O incontornável “eu”, que se desdobra entre palavras e tintas, não lhe dá descanso, seja no tempo pretérito, seja no presente imediato. De que matéria é feito esse “eu”? É feito das coisas do coração, da alma, do corpo, da linguagem dos sonhos e, sobretudo, da linguagem da vida real. A presença do silêncio ao longo dos seus versos, do silêncio que o “eu” precisa para se reconstruir, se lança por toda a obra, ora para fora, ora para dentro do corpo. O silêncio dos caminhos, das curvas, dos abismos, das clareiras. E também o silêncio do sangue, da saliva, do gozo, do fígado. Sua poesia é feita de janelas e portas líricas que se abrem, para logo adiante se fecharem. É um golpe feminino, cujos rosas que se mostram, são: a menina dentro da mulher ma