Desde o século XVII as sociedades ocidentais têm vindo a privilegiar epistemológica e sociologicamente a forma de conhecimento que designam por ciência moderna. E desde então o debate sobre o conhecimento centrou-se na ciência moderna, nos fundamentos da validade privilegiada do conhecimento científico, nas relações deste com outras formas de conhecimento, nos processos de produção da ciência e no impacto da sua aplicação. O que distingue o debate moderno sobre o conhecimento dos debates anteriores é o fato de a ciência moderna se ter proposto não apenas compreender o mundo ou explicá-lo, mas também transformá-lo, e, paradoxalmente, para maximizar a sua capacidade de transformar o mundo, ela se ter pretendido imune às transformações deste. E é isso que está também na origem do calor que tal debate recentemente assumiu no conjunto de episódios conhecido por \"guerras da ciência\".